No silêncio da noite

No silêncio da noite
procuro barulhos mesquinhos
que alimentam a solidão

Contorno os passeios,
cumprimento os candeeiros
e converso com as estrelas.

No silêncio da noite
visto a farda imaginária
que sustenta a realidade.

Invisto na escuridão,
adquiro pensamentos
e vou carregando o tempo
com histórias de encantar.

No silêncio da noite
sou gato em telhado alheio

Conheço novos cantos,
vejo novas luas,
descubro outras vidas
cobertas com um manto escuro
salpicado de cometas.

No silêncio da noite
sou o sossego que me incomoda.

Adélio Amaro (Gazeta Lusófona)