Ilusão
Finalmente deixa-me adormecer
e purificar-me de ti
Estava exausta de tanta incerteza.
És o eco da minha solidão
És o ente querido da minha ilusão.
No âmago secreto do meu imaginário,
tacteio-te
Inlassavelmente com calafrios
esvaecidos
na penumbra de carícias cálidas
e transcendentes.
É quase
erosivo.
Às vezes estaco. Seco. Como morta.
Com a respiração pálida, com as ideias
a
quebrarem.
Acabo por tartamudear as lágrimas
sorridentes
a drapejarem-me de tinta azul
e refrescante
É então que me envolves com o teu
sarcasmo
oco
de presença emoldurada e o limiar que nos
separa traz-me
ácida de te adivinhar dentro de mim.
Transpiras
a fel e a mel do outro lado
do altar
das minhas dúvidas. E mal consigo decifrar
a nossa seiva,
através dos teus sonhos apenas
depositados na poalha
dos nossos beijos.
Como sinto esta nesga de paixão
a escoar por essas
noites puídas de sortilégio e lacradas
com o hálito
da eternidade...
A caneta estava só
em cima da mesa
para eu ouvir o silêncio
atrás das tuas pálbebras.
Fiquei à espera
que me dissesses
o que eu tinha
para te dizer.
E por fim, tacteei
todas essas palavras
no espelho certo
dos nossos soluços.
Em reticências
Ficou novamente
Tudo por ser dito
Até ao próximo encontro...
Paula Gonçalves