Cinderela

Eles são duas crianças

a viver esperanças

a saber sorrir

Ela tem cabelos louros

ele tem tesouros

para repartir

Numa outra brincadeira

passam mesmo à beira

sempre sem falar

Uns olhares envergonhados

e são namorados

sem ninguém pensar

Foram juntos outro dia

como por magia

no autocarro em pé

Ele lá lhe disse, a medo:

"O meu nome é Pedro

e o teu qual é?"

Ela corou um pouquinho e

respondeu baixinho:

"Sou a cinderela".

Quando a noite o envolveu

ele adormeceu

e sonhou com ela...

Então

Bate, bate coração

Louco, louco de ilusão

A idade assim não tem valor

Crescer

vai dar tempo p'ra aprender

Vai dar jeito p'ra viver

O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias

a avivar memórias

a deixar mistério

Já o fez andar na lua

no meio da rua

e a chover a sério.

Ela, quando lá o viu

encharcado e frio

quase o abraçou.

Com a cara assim molhada

ninguém deu por nada

ele até chorou...

Então

Bate, bate coração

Louco, louco de ilusão

A idade assim não tem valor

Crescer

vai dar tempo p'ra aprender

Vai dar jeito p'ra viver

O teu primeiro amor.

E agora, nos recreios

dão os seus passeios

fazem muitos planos.

E dividem a merenda

tal como uma prenda

que se dá nos anos.

E, num desses momentos

houve sentimentos a falar por si.

Ele pegou na mão dela:

"Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

 

Então

Bate, bate coração

Louco, louco de ilusão

A idade assim não tem valor

Crescer

vai dar tempo p'ra aprender

Vai dar jeito p'ra viver

O teu primeiro amor.

Então

Bate, bate coração

Louco, louco de ilusão

A idade assim não tem valor

Crescer

vai dar tempo p'ra aprender

Vai dar jeito p'ra viver

O teu primeiro amor.

 

Carlos Paião